Quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013.- Uma equipe de pesquisadores alemães descobriu que a capacidade ou incapacidade de aprender está nos níveis de atividade das chamadas ondas alfa do cérebro. A descoberta pode ajudar a desenvolver novas terapias para lesões cerebrais.
A causa que algumas pessoas acham difícil aprender mais do que outras poderia ter sido revelada por uma equipe de pesquisa de Berlim, Bochum e Leipzig, na Alemanha.
Esses pesquisadores descobriram que o principal problema a esse respeito não é que os processos de aprendizagem sejam ineficientes em si mesmos, mas que o cérebro processe insuficientemente as informações a serem aprendidas. Os cientistas encontraram um indicador dessa insuficiência, relata o Trends 21.
Em seu experimento, os pesquisadores treinaram o senso de toque de alguns sujeitos, para que ele se tornasse mais sensível. Além disso, eles mediram a atividade cerebral de todos os participantes com um eletroencefalograma (EEG), que consiste no exame neurofisiológico a partir do registro da atividade bioelétrica do cérebro.
Em indivíduos que responderam bem à fase de formação do sentido do toque, o EEG revelou alterações características na atividade cerebral, especificamente nas chamadas ondas alfa do cérebro.
Essas ondas são oscilações eletromagnéticas que surgem da atividade elétrica das células cerebrais e refletem, entre outras coisas, a eficácia com que o cérebro tira proveito das informações sensoriais necessárias para a aprendizagem.
Após esses resultados, "uma pergunta interessante seria até que ponto a atividade alfa pode ser deliberadamente influenciada com o biofeedback", disse Hubert Dinse, do Laboratório de Plasticidade Neuronal da Universidade de Ruhr, em Bochum, e um dos autores do estudo., em uma declaração da referida universidade.
O biofeedback é uma técnica usada para controlar as funções fisiológicas do organismo humano, através do uso de um sistema de feedback que informa o sujeito do estado da função que você deseja controlar voluntariamente.
Dinse acrescenta que conhecer esse ponto "pode ter implicações enormes para terapias destinadas a tratar uma lesão cerebral e, em geral, para entender os processos de aprendizagem".
A equipe de pesquisa do Ruhr-Universität, do Humboldt Universität, do Charité - Universitätsmedizin e do Instituto Max Planck (MPI) publicou suas descobertas no Journal of Neuroscience.
"Nos últimos anos, estabelecemos um procedimento para acionar processos de aprendizado que não requerem atenção", diz Dinse. Os pesquisadores conseguiram, portanto, excluir a atenção como um fator de aprendizado.
Nesse experimento em particular, o que eles fizeram foi estimular repetidamente a sensação de toque dos participantes por 30 minutos, com a estimulação elétrica aplicada à pele de suas mãos.
Antes e depois desse treinamento passivo, eles também mediram a sensibilidade do toque dos participantes. Para fazer isso, aplicaram uma pressão suave nas mãos com duas agulhas diferentes e determinaram a menor separação entre as agulhas nas quais os voluntários ainda percebiam os dois estímulos como separados.
Em média, o treinamento passivo melhorou o limiar de sensibilidade ao toque dos sujeitos em 12%, embora não em todos os 26 participantes. Usando o EEG, a equipe estudou por que algumas pessoas adquiriram maior sensibilidade melhor do que as demais.
Por outro lado, os registros no EEG foram feitos antes e durante o treinamento passivo. Graças a esses registros, foram identificados os componentes da atividade cerebral ligados à melhora no teste de discriminação tátil.
Os cientistas descobriram especificamente que a atividade alfa do cérebro é decisiva na aprendizagem. Em termos gerais, as ondas alfa oscilam eletromagneticamente em uma faixa de frequência de oito a 12 hertz: os participantes que tiveram a maior atividade alfa antes do treinamento passivo foram os que aprenderam melhor.
No entanto, quanto maior a redução da atividade alfa durante o treinamento passivo, maior a facilidade de aprendizado demonstrada pelos voluntários. Todos esses efeitos foram observados no córtex somatossensorial dos participantes, uma área do cérebro ligada ao sentido do tato.
Os cientistas explicam que, portanto, um alto nível de atividade alfa no cérebro (antes do aprendizado) denotaria a disposição desse órgão de tirar proveito das informações que vêm do mundo exterior.
Pelo contrário, uma queda acentuada na atividade alfa durante a estimulação sensorial indicaria que o cérebro processa os estímulos de maneira particularmente eficiente.
Esses resultados sugerem que a aprendizagem baseada na percepção depende muito da acessibilidade das informações sensoriais. E que a atividade das ondas alfa, como um indicador de constantes mudanças nos estados cerebrais, modula essa acessibilidade.
Um dos autores do estudo, do Instituto Max Planck (MPI), Petra Ritter, afirma que será necessário analisar, com modelos computacionais, como o ritmo das ondas alfa afeta o aprendizado.
"Somente quando entendemos como o processamento de informações complexas ocorre no cérebro, podemos intervir especificamente em tais processos, para tratar certos distúrbios", explica Ritter. De fato, o objetivo desta rede de cooperação científica alemã é desenvolver novas terapias para lesões cerebrais.
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A causa que algumas pessoas acham difícil aprender mais do que outras poderia ter sido revelada por uma equipe de pesquisa de Berlim, Bochum e Leipzig, na Alemanha.
Esses pesquisadores descobriram que o principal problema a esse respeito não é que os processos de aprendizagem sejam ineficientes em si mesmos, mas que o cérebro processe insuficientemente as informações a serem aprendidas. Os cientistas encontraram um indicador dessa insuficiência, relata o Trends 21.
Em seu experimento, os pesquisadores treinaram o senso de toque de alguns sujeitos, para que ele se tornasse mais sensível. Além disso, eles mediram a atividade cerebral de todos os participantes com um eletroencefalograma (EEG), que consiste no exame neurofisiológico a partir do registro da atividade bioelétrica do cérebro.
Em indivíduos que responderam bem à fase de formação do sentido do toque, o EEG revelou alterações características na atividade cerebral, especificamente nas chamadas ondas alfa do cérebro.
Essas ondas são oscilações eletromagnéticas que surgem da atividade elétrica das células cerebrais e refletem, entre outras coisas, a eficácia com que o cérebro tira proveito das informações sensoriais necessárias para a aprendizagem.
Após esses resultados, "uma pergunta interessante seria até que ponto a atividade alfa pode ser deliberadamente influenciada com o biofeedback", disse Hubert Dinse, do Laboratório de Plasticidade Neuronal da Universidade de Ruhr, em Bochum, e um dos autores do estudo., em uma declaração da referida universidade.
O biofeedback é uma técnica usada para controlar as funções fisiológicas do organismo humano, através do uso de um sistema de feedback que informa o sujeito do estado da função que você deseja controlar voluntariamente.
Dinse acrescenta que conhecer esse ponto "pode ter implicações enormes para terapias destinadas a tratar uma lesão cerebral e, em geral, para entender os processos de aprendizagem".
A equipe de pesquisa do Ruhr-Universität, do Humboldt Universität, do Charité - Universitätsmedizin e do Instituto Max Planck (MPI) publicou suas descobertas no Journal of Neuroscience.
Aprendizado autônomo e ondas alfa
"Nos últimos anos, estabelecemos um procedimento para acionar processos de aprendizado que não requerem atenção", diz Dinse. Os pesquisadores conseguiram, portanto, excluir a atenção como um fator de aprendizado.
Nesse experimento em particular, o que eles fizeram foi estimular repetidamente a sensação de toque dos participantes por 30 minutos, com a estimulação elétrica aplicada à pele de suas mãos.
Antes e depois desse treinamento passivo, eles também mediram a sensibilidade do toque dos participantes. Para fazer isso, aplicaram uma pressão suave nas mãos com duas agulhas diferentes e determinaram a menor separação entre as agulhas nas quais os voluntários ainda percebiam os dois estímulos como separados.
Em média, o treinamento passivo melhorou o limiar de sensibilidade ao toque dos sujeitos em 12%, embora não em todos os 26 participantes. Usando o EEG, a equipe estudou por que algumas pessoas adquiriram maior sensibilidade melhor do que as demais.
Por outro lado, os registros no EEG foram feitos antes e durante o treinamento passivo. Graças a esses registros, foram identificados os componentes da atividade cerebral ligados à melhora no teste de discriminação tátil.
Os cientistas descobriram especificamente que a atividade alfa do cérebro é decisiva na aprendizagem. Em termos gerais, as ondas alfa oscilam eletromagneticamente em uma faixa de frequência de oito a 12 hertz: os participantes que tiveram a maior atividade alfa antes do treinamento passivo foram os que aprenderam melhor.
No entanto, quanto maior a redução da atividade alfa durante o treinamento passivo, maior a facilidade de aprendizado demonstrada pelos voluntários. Todos esses efeitos foram observados no córtex somatossensorial dos participantes, uma área do cérebro ligada ao sentido do tato.
Os cientistas explicam que, portanto, um alto nível de atividade alfa no cérebro (antes do aprendizado) denotaria a disposição desse órgão de tirar proveito das informações que vêm do mundo exterior.
Pelo contrário, uma queda acentuada na atividade alfa durante a estimulação sensorial indicaria que o cérebro processa os estímulos de maneira particularmente eficiente.
Esses resultados sugerem que a aprendizagem baseada na percepção depende muito da acessibilidade das informações sensoriais. E que a atividade das ondas alfa, como um indicador de constantes mudanças nos estados cerebrais, modula essa acessibilidade.
Novos métodos de tratamento
Um dos autores do estudo, do Instituto Max Planck (MPI), Petra Ritter, afirma que será necessário analisar, com modelos computacionais, como o ritmo das ondas alfa afeta o aprendizado.
"Somente quando entendemos como o processamento de informações complexas ocorre no cérebro, podemos intervir especificamente em tais processos, para tratar certos distúrbios", explica Ritter. De fato, o objetivo desta rede de cooperação científica alemã é desenvolver novas terapias para lesões cerebrais.
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