Como mudou o conhecimento sobre as causas e o tratamento das doenças venosas? O que os poloneses sabem sobre flebologia? Descubra na entrevista com o prof. Walerian Staszkiewicz, presidente da Sociedade Polonesa de Flebologia que lida com doenças do sistema venoso.
Qual é a história da flebologia na Polônia?
A história do tratamento de doenças venosas é tão longa quanto a história da humanidade. As descrições das complicações graves associadas às doenças venosas crônicas são conhecidas há muito tempo e esforços têm sido feitos para tratar essas doenças.
As atividades se concentraram principalmente nas tentativas de eliminação dos próprios sintomas, que tiveram resultados variados, nem sempre bons. As complicações trombóticas nas veias varicosas, um dos sintomas mais comuns da doença venosa crônica, foram tratadas com vários tipos de incisões, sangria, aplicação de sanguessugas, curativos locais, compressas e compressas.
Com o desenvolvimento do nosso conhecimento, esse procedimento passou a ser baseado em fatos científicos, em pesquisas que comprovavam a eficácia dos métodos diagnósticos e terapêuticos. Só então começou o desenvolvimento da flebologia moderna, ou seja, a ciência das doenças do sistema venoso.
O que os poloneses realmente sabem sobre flebologia e doença venosa crônica?
Lamento dizer que não muito. Isto é devido a duas razões. Em primeiro lugar, as doenças do sistema venoso são, infelizmente, tratadas um pouco negligenciadas no ensino de medicina. Esta situação também é influenciada pelo fato de que os poloneses não são ensinados que investir na própria saúde é um investimento lucrativo. Nossa sociedade não percebe que a doença venosa crônica não é apenas um defeito cosmético, mas uma doença grave.
Somente nos últimos três anos o nome dessa doença mudou. Antes, falamos em insuficiência venosa crônica, algo classificado bem abaixo da gravidade do problema do que da doença. O progresso na flebologia também foi forçado por economistas e sociólogos, porque a doença venosa crônica é um enorme problema econômico. Nos países europeus, o tratamento dessas doenças consome cerca de 6 a 7% do orçamento total da saúde. A importância do problema também é confirmada pela epidemiologia, ou seja, a disseminação da doença. Pesquisas realizadas na Polónia, bem como dados de outros países, indicam que mais de 40% das mulheres e mais de 30% dos homens sofrem de vários problemas relacionados com doenças do sistema venoso. As complicações mais graves que acompanham a doença venosa crônica, complicações tromboembólicas e úlceras venosas da perna constituem um enorme problema social e econômico. Úlceras venosas de perna afetam cerca de 2 a 2,5% da população adulta e freqüentemente afetam pessoas ativas. Isso faz com que sejam deficientes no trabalho e em casa.
Pessoas doentes não podem participar ativamente da vida social normal. Dor, sensação de peso e fadiga afetam o bem-estar geral dos pacientes. As mudanças que ocorrem na composição do sangue também afetam a eficiência de outros órgãos. A doença venosa crônica afeta todo o corpo, portanto, não é apenas um problema que afeta apenas uma pequena parte do corpo humano.
Qual é a atitude dos poloneses em relação às doenças venosas crônicas?
Grande parte da nossa sociedade está convencida de que essa deficiência deve ser simplesmente aceita. Eles acreditam que nada pode ser feito a respeito dessas doenças. Outros pacientes frequentemente ficam desanimados com a natureza progressiva e crônica da doença. Os efeitos do tratamento costumam ser menores do que as expectativas dessas pessoas.
Os GPs estão preparados para diagnosticar doenças venosas crônicas e encaminhar o paciente a especialistas?
Infelizmente, a este respeito, a educação dos médicos de clínica geral é bastante baixa.A Sociedade Polonesa de Flebologia está tentando mudar isso, mas lamento dizer que o interesse dos próprios médicos não é muito grande. Até agora, a Polônia ainda não estabeleceu um bom sistema de saúde que proporcione aos pacientes e médicos acesso ao conhecimento moderno. No entanto, desde o seu início, a Sociedade Flebológica Polonesa tem tentado ampliar o conhecimento dos médicos. Realizamos várias conferências e workshops. Na Polônia, o problema é o acesso a diagnósticos modernos.
Quais são os objetivos da campanha "Servir pelas veias" e qual o seu significado?
Em primeiro lugar, é preciso enfatizar que tais campanhas educativas são muito importantes e extremamente necessárias. Ainda carecemos de uma formação médica confiável em vários campos, conhecimentos que seriam repassados de forma acessível e compreensível para as pessoas. Devemos fazer com que os próprios pacientes se interessem por sua saúde e tratá-la como uma parte importante de suas vidas. Essas atitudes sociais forçariam várias medidas pró-saúde sobre os organizadores do sistema de saúde. Por outro lado, o médico que lida com o paciente no dia a dia deve ser mais sensível e atento para reconhecer adequadamente os riscos associados às doenças do sistema venoso. Eles devem saber quem pode ser tratado no primeiro consultório e quem deve ser encaminhado a um especialista.